terça-feira, 27 de maio de 2025
terça-feira, 20 de maio de 2025
Até já, PEDRO
Pedro Nuno Santos é, ainda, um
dos políticos mais sérios, corajosos e preparados da sua geração. A sua
retirada da liderança do Partido Socialista representa muito mais do que um acto
pessoal — é a consequência de um momento grave da nossa democracia, marcado por
ataques à integridade, pela ascensão da extrema-direita e pela interferência de
um Presidente da República que, ao precipitar a crise política, abriu as portas
à instabilidade.
Com provas dadas enquanto
secretário de Estado, ministro e líder partidário, Pedro Nuno nunca deixou de
defender o superior interesse de Portugal. Sempre com coragem, verticalidade e
uma noção de serviço público que escasseia no actual panorama político.
Ao sair de Belém, após se
reunir com o Presidente, Pedro Nuno manteve a postura de quem não se dobra. A
sua atitude foi de uma dignidade ímpar. Sai, sim, mas de pé. Com coerência e
decência. Perde o Partido Socialista, perde a democracia, e perdemos todos nós
— os que acreditamos numa sociedade mais justa, plural e solidária.
Sério, honesto, comprometido
com o bem comum. Alguém que, sem medo, enfrentou as forças retrógradas e
carregou, injustamente, o peso da ascensão da extrema-direita — essa mesma que
tem sido amparada por uma elite sem rosto, enraizada em esquemas obscuros,
alguns já à vista de todos, como os tentáculos de uma maçonaria desvirtuada.
PNS (como tantos o tratam) é a
segunda vítima de um golpe orquestrado por quem deveria representar a
estabilidade e a imparcialidade do Estado. Um golpe discreto, quase elegante na
sua perversidade, levado a cabo pelo actual Presidente da República, que
precipitou uma crise política com um objectivo claro: devolver o poder à
direita que todos conhecemos — aquela mesma que, não há muito tempo, deixou um
rasto de destruição social e económica no país.
Pedro Nuno não é um político
qualquer. É um líder vertical. De palavra. De princípios. Com provas dadas na
governação: como secretário de Estado, como ministro, e mais recentemente como
secretário-geral do Partido Socialista. A sua postura, ao sair hoje do Palácio de
Belém após a reunião com o Presidente — o mesmo Presidente do golpe — é de uma
dignidade incomparável. Um gesto de hombridade política e ética que ficará
registado na história recente da nossa democracia.
PNS merece o nosso apreço.
Mas, mais do que isso, merece o meu respeito mais profundo. Porque, ao
contrário de muitos, ele nunca jogou com disfarces. Foi sempre claro, directo,
transparente. E essa integridade, hoje, parece ser crime entre gente que prefere
a intriga à decência.
Pedro Nuno não terminou a sua
carreira política. Longe disso. Esta é apenas uma pausa. Uma aprendizagem dura,
sim, mas necessária. Aprendeu que confiar pode ser um erro, quando se lida com
personagens de má índole, movidas por interesses obscuros. Aprendeu que a
ingenuidade tem um preço alto.
Mas também sabemos isto: Pedro
Nuno Santos sempre defendeu o interesse coletivo. Sempre teve Portugal à frente
das suas prioridades. Com coragem. Com competência. Com sentido de Estado.
Agora, afasta-se. No próximo
sábado, fá-lo com o peso de quem foi ferido pela injustiça e pelas campanhas de
difamação. Mas fá-lo com a cabeça erguida. Para desgosto de todos os que
acreditamos numa sociedade plural, justa, solidária — num país sério e habitável
para todos.
Mas não. Esta não é uma
despedida. É apenas um até já.
Pedro Nuno voltará. Com mais
força, com mais maturidade, com mais clareza. Porque o fascismo, por mais que
espreite, não passará. E será ele, com outros e outras de igual valor, a
lembrar ao país o que é governar com verdade, com projecto, com decência.
Mas esta não é uma despedida.
É um até já. Pedro Nuno não terminou. Aprendeu, resistiu e amadureceu.
Regressará mais forte, e com ele a esperança num Portugal melhor.
Portugal adormeceu. Cinquenta
anos depois do 25 de Abril, voltamos a correr riscos que julgávamos enterrados.
Mas que o sono seja breve. Que o pesadelo não dure muito. E que despertemos a
tempo de impedir o regresso do obscurantismo, da censura, da desigualdade. A
tempo de salvar o que ainda é justo e livre.
Perdemos um líder. Ganha a
extrema-direita, ganha a manipulação
Até já, Pedro
António Ventura - Pedreira dos Húngaros 20 Maio 2025
sexta-feira, 9 de maio de 2025
"Marcelo Nuno, o Grande Envergonhamento Nacional"
Há figuras que o tempo esquece. Outras que o tempo absolve. Mas há ainda aquelas que o tempo expõe, despidas do verniz, da pose e da propaganda, nuas diante da História. Marcelo Nuno — recuso-lhe deliberadamente o peso e o respeito do nome completo — pertence, sem margem para equívoco, ao terceiro grupo.
É, com todas as letras, um embuste vestido de Presidente, um prestidigitador do afecto, um comediante de sacristia travestido de estadista.
Desde o início do seu
consulado que Marcelo se entregou a uma representação grotesca de proximidade
popular. Fez da Presidência um palco e de si mesmo um actor principal de uma
peça pobre, de província. Era o Presidente dos afectos, diziam. Não. Era o
Presidente da encenação. Um beija-mãos institucionalizado, um distribuidor
compulsivo de beijos incómodos, um apertador de pescoços que, na ânsia de
aproximação, esquecia-se da dignidade alheia — sobretudo das mulheres, que
puxava pela nuca como se o toque presidencial fosse bênção, e não invasão.
Lembro-me — e o país também há
de lembrar-se — da forma quase violenta com que cumprimentou o já debilitado
Papa Francisco. Um puxão ríspido, um sorriso cínico, um gesto sem o menor traço
de reverência. Não era afecto. Era exibicionismo. Narcisismo televisivo.
Marcelo não age em nome da República. Marcelo age em nome de si mesmo. O povo,
para ele, é audiência. A rua, o seu palco. A imprensa, o seu espelho.
Transformou o cargo de Chefe
de Estado numa peregrinação permanente de ginjinhas, romarias e selfies. Caiu
em plena feira, vítima do próprio folclore. Levado nos braços para receber
socorro, foi o retrato acabado da Presidência que construiu: uma figura frágil
envolta num circo mediático. Nunca houve solenidade. Nunca houve contenção.
Houve apenas festa, espectáculo, pose.
Mas a tragédia nacional
começou quando Marcelo decidiu deixar de ser apenas ridículo para passar a ser
perigoso.
Foi ele — sim, ele — quem
lançou as bases para o golpe institucional que viria a derrubar um governo com
maioria absoluta. Com a cumplicidade da Procuradora-Geral da República, e
através de uma encenação judicial obscura e ainda hoje mal explicada, Marcelo
forçou a demissão de António Costa. Recusou, depois, qualquer solução interna.
Não quis Centeno, não quis continuidade. Quis o caos.
Não porque o país estivesse
ingovernável — mas porque o Presidente queria governar. E, não podendo fazê-lo
directamente, empurrou-nos para eleições num cenário de instabilidade
fabricada. Queria o seu bloco no poder. E fê-lo acontecer.
A chamada "vitória"
da direita — essa Aliança Democrática sem alma nem substância — foi uma
vergonha eleitoral mascarada de legitimidade. O PSD, liderado por Luís
Montenegro, um político de quinta categoria, arrastou atrás de si o cadáver
político do CDS, encabeçado pelo empertigado e vazio Nuno Melo, e a
irrelevância folclórica do PPM. Mal ganharam, descartaram os aliados com a
mesma leveza com que se muda de gravata. Um golpe político, montado por um
escorpião de sorriso fácil, sentado em Belém.
Marcelo deu posse a um governo
de incompetência inédita. À Defesa, Nuno Melo — que não governaria, com
decência, um clube motard. Nas Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, o homem que,
como secretário de Estado, patrocinou a privatização desastrosa da TAP, entregando
a companhia de bandeira nacional a aventureiros estrangeiros — um camionista e
um americano-brasileiro, investidor de ocasião. Um crime económico embrulhado
em jargão de gestão.
Na Saúde, uma ministra
inconsequente. Na Cultura, o vazio absoluto. No Parlamento, a desorientação.
Este é o legado do homem que se julga timoneiro da democracia portuguesa, mas
que agiu como um sabotador da estabilidade nacional.
E agora? Agora esconde-se. Sai
apenas para um gelado no Santini, em Belém — sempre com o séquito jornalístico
a postos, a registar a banalidade como se fosse Estado. Quando fala, fá-lo
entre frases mansas e ameaças dissimuladas: avisa que não dará posse a governos
que, na sua leitura superior, não garantam estabilidade. Marcelo, que se
comporta como um monarca sem coroa, reivindica para si um poder moderador que
já nem os reis do constitucionalismo ousavam exercer.
É este o mesmo homem que
ajudou a escrever a Constituição de 1976. O mesmo que, nas cátedras
universitárias, a ensinava com orgulho. Hoje, vilipendia-a sem pudor, com o
zelo autoritário dos que julgam saber o que é melhor para o país — ainda que o
país diga o contrário nas urnas.
Marcelo Nuno não é um
democrata. É um beato autoritário, um saudosista de um Portugal onde se
obedecia em silêncio e se aceitavam os destinos impostos pelos de cima. É um
salazarento envernizado. Um escorpião, como bem o descreveu Francisco Balsemão.
Um homem que não sabe, não pode, nem quer conviver com a pluralidade real da
democracia.
A História — essa sim,
paciente e implacável — há de julgá-lo. E será dura. Marcelo não será lembrado
como o Presidente dos afectos. Será lembrado como o Presidente do fingimento. O
arquitecto da instabilidade. O homem que quis mandar mais do que devia. Que
agiu sempre como se Portugal lhe pertencesse. E que, ao final, se revelou
aquilo que sempre foi: um actor menor com ambições de protagonista, um
democrata de fachada, um perigo para a República.
Marcelo Nuno é a vergonha que
ocupa o Palácio construído por Ludovice para D. João V. E como tal, será
lembrado: não como o inquilino digno de Belém, mas como o usurpador do seu
espírito.
(AV. Portas de Benfica – Porcalhota, 9 Maio 2025)
sábado, 3 de maio de 2025
Portalegre Merece Melhor
Há decisões políticas que, pela sua natureza, ofendem o mais elementar bom senso democrático. A nomeação de Manuel Castro Almeida como cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Portalegre da AD é uma delas. Não se trata aqui de um ataque pessoal, mas de uma exigência legítima de representatividade, de respeito e de coerência política.
Portalegre, capital do Norte Alentejo, tem uma identidade
própria, feita de história, dificuldades e esperanças. Tem uma população que
não abdica de ser ouvida, que não aceita ser tratada como cenário decorativo
para ambições alheias. E, no entanto, é isso mesmo que esta nomeação
representa: um desrespeito profundo por quem aqui vive, trabalha e vota.
Manuel Castro Almeida é um nome com percurso na política
nacional, sim. Foi autarca em São João da Madeira, a centenas de quilómetros de
distância. Que relação tem ele com Portalegre? Que raízes lançou nesta terra?
Que causas locais defendeu alguma vez? Nenhuma. Vem agora, de forma artificial,
encabeçar uma lista por um território que não conhece, que nunca defendeu e
que, francamente, parece usar apenas como trampolim.
A política não pode ser um jogo de xadrez em que os peões —
neste caso, os eleitores — são movidos ao sabor de estratégias partidárias que
nada têm a ver com os interesses reais da população. Quando se ignora a ligação
entre representantes e representados, mata-se uma parte essencial da
democracia. Um deputado eleito por Portalegre deve ser alguém que conheça esta
terra, que compreenda os seus desafios, que sinta na pele o que é viver no
interior esquecido, longe dos centros de decisão.
Esta escolha levanta também uma questão inquietante: será
que já não há, no seio da coligação que agora governa, quadros capazes,
competentes e legitimados pelo território para representar Portalegre com
dignidade? Ou será que o interior continua a ser visto como um espaço de menor
importância, bom apenas para cumprir quotas eleitorais?
Os portalegrenses não são ingénuos. Sabem reconhecer quem os representa e quem apenas os usa. Esta nomeação deve ser repudiada, não por birra partidária, mas por uma questão de princípio. É tempo de dizermos basta a esta lógica centralista e oportunista. Portalegre merece melhor. O Alentejo merece respeito. A democracia merece autenticidade.
Portalegre não é um Deserto Eleitoral
segunda-feira, 21 de abril de 2025
FRANCISCO MERECIA MELHOR IGREJA

CAOS NOS AEROPORTOS: um retrato da falência governativa Milhares de turistas são maltratados, a polícia está à beira do colapso e o silêncio...
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A CONSTANÇA URBANO DE SOUSA com muito carinho e agradecimento!!! Alguém com bom senso poderá criticar, nesta hora triste que todo um p...
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O BOM SISMO !!! É que há sismos mesmo bons e que vêm por bem. Pasmem-se pois. Em boa hora, alguns portugueses acordaram hoje pelas 5h11 ...