domingo, 3 de outubro de 2021

 TRABALHAR PARA SER POBRE

Mais uma vez António Saraiva, o conhecido "patrão dos patrões", presidente da CIP, vem à comunicação social contestar a vontade do Governo de concretizar já em 2022, a promessa anterior de aumento do SMN salário mínimo nacional em mais 40,00€.

E, se contesta o aumento prometido para ser incluso no próximo O.E. para 2022, melhor e certamente o fará quando, daqui a um ano, a promessa de fixar o mesmo SMN em 750,00€ estiver na proposta de novo orçamento para 2023.

Considera o "patrão" que o "enorme"  aumento dos míseros quarenta euros, a partir de Janeiro próximo, irá criar larguíssimas dificuldades aos empresários que, perante tão absurda obrigação, colocarão em risco sério, a solvabilidade e o equilíbrio financeiro das empresas, quiçá uma catadupa de insolvências e um sério risco dos índices do desemprego.

Mas sobre este último risco, esquece o líder da Confederação da Indústria Portuguesa, que não foi a CIP mas, os pequenos e médios empresários que, com grande e denodado esforço, tudo fizeram e conseguiram, ao longo dos quase dois anos de pandemia, a manutenção dos postos de trabalho e do emprego, tantas vezes sem quaisquer apoios, de entre os quais e mais badalado o "lay-off simplificado".

Esquece o presidente (desde 2010) da CIP que, "constitui missão estratégica da CIP contribuir para o crescimento da economia, a competitividade das empresas, a inovação, a melhoria da produtividade, a eficiência da justiça e do sistema fiscal, a qualidade do ensino e formação profissional, a contenção da despesa pública – a par da intervenção em outros temas tão relevantes como a energia, o ambiente ou a responsabilidade social das empresas. Desígnios igualmente importantes como a modernização da Administração Pública, a adaptação das leis do trabalho a novas realidades económicas e sociais, a legislação sobre segurança social e a consolidação da malha associativa empresarial fazem também parte da orientação estratégica da CIP, visando melhorar as condições de funcionamento dos agentes económicos".

E nessa missão, como parceiro estratégico do desenvolvimento económico e social do País, não deve olvidar o conhecimento e o estudo dos vários pensadores nacionais e internacionais que configuram que, crescendo o salário, cresce o consumo e consequentemente a economia ressente-se positiva e quase imediatamente.

Em 2019, ano que, mesmo assim registou melhoria, ainda 17,2% da população abaixo do limiar de pobreza em Portugal, são considerados neste valor transferências sociais como reformas, subsídios de desemprego, pensões de doenças e invalidez, rendimento social de inserção (RSI) ou apoios à família. Se estes rendimentos não existissem, a taxa de risco de pobreza subiria para mais do dobro (43,4%) e englobaria a esmagadora maioria da população com 65 ou mais anos.

Mas, não venho aqui com a habitual retórica dos números, percentuais e coeficientes de apreciação do tema.

O que importa saber é que, António Saraiva não muda, não moderniza o conceito e o pensamento, não evolui ou, tem interesses escondidos que não revela. Não quer hoje, nem parece vir a querer amanhã que,  os "baixos salários" são de economias bangladeshianas, que na Europa deste lado de cá não são aceitáveis.

Que fique sabendo António Saraiva que, estamos na Europa, no seio e perfeitamente integrados e muito interventivos na União desta Europa que importa e muito, começar a sentir-se, DOS CIDADÃOS.

Não me alongando demasiado neste veemente repúdio pelas inconsequentes e despudoradas posições de António Saraiva, importa por fim fazer umas pequenas contas - próprias de qualquer pequeno ou médio empresário.

Com o aumento prometido de 40,00€ a partir de Janeiro próximo, uma PME com,

10 trabalhadores X 40,00€ de aumento, terá salários mensais de 7.050,00€

6.650,00€  uma diferença de  400€/mês

50 trabalhadores X 40,00€ de aumento, terá salários mensais de 33.250,00€

                  35.250,00€  uma diferença de  2.000,00€/mês   

Que fique então sabendo António Saraiva que, se os salários não reflectem produtividade, não é por culpa dos trabalhadores. 

Formação de empresáros talvez seja a solução. 

O apoio efectivo, franco e determinado das instituições do Estado e dos Bancos ( se ainda houver algum sem burlões), às PME´s que representam, isso sim, o maior tecido empresarial do País, para que estas e os seus responsáveis não continuem a ser tratados em qualquer balcão de atendimento, como bandidos, aldrabões e fujões ao fisco e outras obrigações sociais.

Foram sempre assim tratados... E são estes que hoje, terão muito gosto em pagar melhor, em ajudar a retirar da pobreza os seus concidadãos que labutam de manhã à noite, enfrentando todas as vicissitudes conhecidas - deficientes transportes públicos, carga fiscal horrenda, saúde ainda com sérias limitações, creches reduzidas e um ror de sacrifícios que culmina com as frequentes notícias de mais um grupelho de banqueiros bandidos que se raspou com uns quantos milhões para todos nós pagarmos.

Não, António Saraiva, não nos apoquentam os míseros aumentos de quarenta euros.

Vão ser pagos com gosto. Estamos com o País e não contra ele.


AV/ 

   






  O GOLPE (Parte 1) O conhecido “golpe de Estado palaciano” é o tipo de golpe em que a tomada do poder se projecta e algumas vezes, di...