sexta-feira, 3 de junho de 2011

REQUIEM PARA JOSÉ - Na noite antes da sua morte!

Meu Caro
Viveste a tua vida e infernizaste a nossa.
É bem verdade que deixei de te escrever, com a assiduidade que não merecias, mas afinal te prometi. Fui igual a ti próprio... um mentiroso.
A tua visão frenética, perturbada, esquizofrénica do nosso pequeno Mundo Lusitano, far-nos-á  viver para além de ti, anos de desespero, amargura e dor.
Todos os sonhos que cruelmente nos quiseste fazer sonhar, esfumaram-se na loucura da tua teimosia, obstinação inconsequente que tanto mal nos fez... e nada de bom nos aconteceu.
Criaste a mentira e o descaramento, como sendo a verdade, só por ti criada e que sempre nos garantiste séria, leal e verdadeira.
Viciaste-nos a assistir às tuas poses televisivas diárias, criando em muitos de nós, que nunca deixaste crescer, o crédito na utopia, na tua loucura e ambição.
Não vias que estavas a ir longe de mais ? Nunca a consciência te recordou  a origem, sim a tua origem de "provinciano bem vestido (??) e petulante"? Nunca ?
Jamais pensaste que tanto, seria demais para ti. Alguma vez olhaste para os pés... para o umbigo, entendendo e interiorizando com seriedade as tuas reais capacidades, para além daquelas que te reconhecemos qualidade - o teatro puro e duro, a tragicomédia, - para nos deixares neste mar de angústia, de incerteza e preocupação?
Não me adiantará mais criticas. Já morreste. Faz a viagem em paz, essa que nos negaste durante 2000 longos dias.
Não nos deixaste a Justiça capaz de pagares cá tanto mal feito. Não sei se para onde vais, encontrarás a penitência que bem mereces cumprir... para todo o sempre.
Não nos deixaste Educação para as nossas crianças crescerem e se educarem, sem necessitarem de estratagemas de domingo para obterem os canudos. Os canudos de tão fraca qualidade que também tu criaste.
Não nos deixaste  a solidariedade para com os nossos séniores. Sim, aqueles que tanto em ti confiaram, nas patranhas que lhes pregaste, tornando-os ainda mais ignorantes e despolitizados, sempre pensando no teu louco e tresloucado benefício.
Não nos legaste a Saúde, bem pelo contrário, fizeste dela um negócio para prazer, deleite e lucro dos teus iguais.
Tudo arrasaste e deixas-nos esta terra queimada, com gente de vergonha e honra, mas muito envergonhada.

Maldito testamento José.
Tudo nos custa, tudo nos cansa, tudo nos maltrata... tudo merecemos por em ti havermos confiado.
Na noite da tua morte, este requiem é para ti. Merecido.
Quando Wolfgang Amadeus Mozart compôs este "Requiem for a Dream", jamais pensou que o viria eu, aqui e agora a dedicar-te. Maldito sonho o teu !
Não serás perdoado jamais. Sempre te recordaremos como um "aquilo", que não sabendo não quis, que não querendo não soube, que desejando conseguiu, que ambicionando mentiu, e foi deixar-nos neste inferno de demência económica, social, política e moral.
Não se faz ! Nem aos nossos piores inimigos !
Mas se afinal alguns de nós, assim os tiveste, nem soubeste perceber que esses, eram teus adversários apenas.
Nós não te queríamos mal José. Acredita!
Porquê tanta incúria, tanto défice de solidariedade, humanidade, justiça, sã e salutar amizade para connosco?
Nós não merecíamos Zé. Acharás no entanto que não te entendemos, que tudo fizeste por bem, que foram os "demónios" que inventaste, que te impediram de mais fazeres e melhor.
Não te perdoo !!! Não te perdoamos !!!
Que o além se ocupe da tua alma, ou quem, ou o que quer que seja !
Nós nem o teu corpo queremos voltar a ver, e não no ocuparemos das exéquias.
Fica-te com o requiem do Mozart e vai curtir os teus sonhos de loucura para bem longe.
ADEUS

António Ventura
(Na noite da morte de José - 4 para 5 de Junho 2011)



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