quarta-feira, 6 de agosto de 2025

 

ESTA LISBOA QUE EU AMAVA

Lisboa: uma cidade perdida no desgoverno e no caos

Ontem percorri os bairros mais emblemáticos de Lisboa — Chiado, Camões, Trindade, Rossio e a histórica Baixa Pombalina — acompanhado por amigos que, tal como eu, ficaram profundamente consternados com o cenário que hoje se apresenta. A cidade que outrora encantava pelo seu charme, cultura e beleza está irreconhecível. O que encontramos é uma Lisboa tomada pelo abandono, pela gentrificação selvagem e pela desordem urbana.

A higiene urbana é praticamente inexistente. O lixo acumula-se em ruas e passeios esburacados, criando uma sensação de miséria e desleixo que desrespeita a memória e a dignidade desta cidade milenar. Onde antes florescia uma população residente vibrante, hoje sobram turistas e nómadas digitais que já pensam em abandonar o que outrora foi um refúgio aprazível. A população local, que dava vida às ruas e tradição aos bairros, foi escorraçada pelo aumento brutal do custo de vida e pela proliferação desenfreada de unidades de alojamento local, muitas delas à margem da legalidade, sem controlo ou fiscalização.

Lisboa transformou-se num parque temático selvagem, onde o turismo de massas, longe de ser um benefício, tornou-se um veneno que corrói a identidade da cidade. Comentários em órgãos de comunicação estrangeiros referem a crescente insegurança, a falta de habitação acessível e um sentimento de exaustão que pode levar à desertificação dos seus novos e antigos habitantes.

No centro deste desastre está um autarca cuja governação se resume a populismo barato e autopromoção. Carlos Moedas, saído das fileiras da Goldman Sachs e com um percurso europeu pouco claro, revela-se um político vazio, mais preocupado em discursar para as câmaras de televisão do que em governar com responsabilidade e visão. A sua recente alegação de ser “especialista em habitação urbana” a convite da União Europeia é uma farsa que ilustra bem o seu perfil: uma autêntica autoindulgência sem sustentação.

A verdade é que Lisboa está hoje entregue a um desgoverno que não respeita a sua história, nem a sua população. Uma cidade sem rumo, afundando-se na sujeira, na desorganização social e na perda de alma. Lisboa está transformada num circo onde os verdadeiros protagonistas — os lisboetas — foram postos à margem. O turismo desenfreado e a falta de políticas urbanas coerentes conduziram-nos a este cenário de degradação.

É urgente denunciar e combater esta canalha que, sob a capa de grandes decisões políticas, está a hipotecar o futuro de Lisboa. O desleixo é gritante e o sentimento de tristeza e impotência é geral. A capital portuguesa merece muito mais do que um gestor de vídeo e palavras ocas. Merece um projeto sério, respeitador da sua identidade e da sua gente. Até lá, Lisboa continuará a afundar-se num mar de lixo, incertezas e abandono.

Pobre Lisboa, que tem tudo para brilhar, mas que hoje é refém de quem a desgoverna.


AV/ 06-08-2025 Rua Poço dos Negros - Lisboa

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