"Até já, mano João"
Hoje, mais um ano passa e, com
ele, o peso da saudade renasce. O meu irmão João completaria mais um
aniversário. Todos os anos, neste dia, o meu estado de espírito muda. É
impossível não ser tocado pela lembrança viva de alguém que deixou tanto em mim
– e em todos os que com ele privaram.
O João era inolvidável. Um
daqueles raros seres cuja presença enchia uma sala – não por ser ruidosa, mas
por ser genuinamente viva. Tinha uma graça natural e uma bonomia contagiante.
Sabia contar histórias como poucos – sempre picarescas, sempre divertidas – e
arrancava-nos lágrimas... de tanto rir. Quando estava entre amigos, era como se
o tempo abrandasse, como se o mundo se tornasse mais leve.
Apesar das ausências, apesar
das distâncias, havia entre nós uma amizade profunda, daquelas que não precisa
de ser dita em voz alta para ser sentida. E é essa ligação que me aperta o
peito hoje.
O João era engenhoso, um homem
de uma inteligência prática admirável. Sabia viver. Foi só nos últimos tempos,
com a saúde a fraquejar, que vimos o seu brilho esmorecer um pouco. Mas mesmo
então, nunca perdeu a dignidade, nunca deixou de ser o João que todos amávamos.
Ainda hoje, quando o grupo de amigos se junta, o nome do João surge. Não há encontro onde não se evoque uma história, uma piada, uma lembrança. O João permanece, em cada memória, em cada gargalhada, em cada silêncio de saudade.
Neste dia que seria o da
celebração de mais um ano de vida, tenho a certeza de que todos os seus amigos
o recordam. E que essa lembrança, embora dolorosa, é também um consolo – porque
o João deixou-nos o melhor de si.
Para todos nós, o João será
sempre inesquecível. E ficará, para sempre, nos nossos corações.
Até já, mano João.
(António Ventura 17 de Julho 2025)