quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Meu caro Pedro
Certamente estranhaste, a minha ausência... as minhas cartinhas.
Nada de especial. Apenas uma preguiça enorme, de mais um que cansaste e não páras de querer derrotar.
Mas olha que ainda cá ando e preparado para te dar a luta que tanto mereces e parece tanto desejares.
Tu, continuas na tua lenga lenga, como se nada de grave se esteja a passar. És valente, tenho de reconhecer. Lutas contra tudo e contra todos. Pões o "pessoal" todo em polvoró, uns contra os outros, os privados contra os públicos, os velhos contra os novos, os ausentes contra os presentes, os professores contra os alunos e os alunos, tão jovenzinhos, parecem começar agora a ficar contra ti. É que a tua voz, que treinavas ao espelho quando tinhas a idade deles, augurando já à época o alto caro que irias conseguir, já não os convence.
Noto, quando te vejo que estás a demonstrar cansaço. Cansas-te e cansas-nos!!!
Não evitas um só momento em lutar contra os "moinhos de vento" qual Quixote de Cervantes. Vês inimigos em toda a parte e nem por um momento, sossegas, olhas para nós, porque só nós te poderemos ajudar.
Mas não, cansaste-nos e estamos fartos. Queremos ver-te pelas costas depressa. Nem nos importamos que recebas também um Grande Colar de uma qualquer Ordem. Afinal, se o decisor dessa entrega pensar bem (como não é costume), não hesitará em te condecorar. Tu és apenas o seguidor, o finalizador da sua (dele) obra política de desbaratar tudo o que nos restava. Onde vês oiro... perdes-te. Tudo vendes, tudo ofereces numa sôfrega ânsia, parece, de teres tempo para tudo derreteres, deixando-nos à míngua.
Depois de ti, nada de pé restará, ou melhor dizendo, depois de ti, nada nos restará que valha uns cobres. Ficaremos então, como desejas - pobres, indigentes, maltrapilhos e à mercê da chacota de todos e de tudo.
Hoje, preocupas-me mais do que ontem e, quiçá, amanhã preocupar-me-ás mais do que hoje.
Vêm aí os russos, e o Xanana por quem tanto nos apoquentámos, parece hoje, rir-se na tua cara, por te achar um imbecil, sem "cheta". Os russos, não te apoquentes, porque apenas te ignoram e te consideram uma "coisinha" sem qualquer interesse ou valia. Para os enfrentares, como devias, deixa os teus funcionários ministeriados, que são ainda piores que tu. Deixa-os governar essa "crise", deixa-os vomitarem as bacoradas do costume e pedirem desculpas públicamente a seguir. Entrega-lhes também a crise dos "Magistrados de Lorosae" e eles se ocuparão de nos deixar mais pobres ainda, de espírito e vergonha que não têm competência para evitar.
Pedro, continuar a escrever-te hoje, aqui, levar-me-ia a extravasar a linguagem e acho que não devo.
Vou sim, vou descansar. Mas antes, passo pelo espelho e treino umas "prosápias", leio uns textos e olho-me nele, para ver se fico bem, se devo apostar em mudar esta má língua e esta prosa que cada vez que penso em ti, mais me dá vontade de exacerbar...
Até breve Pedro.



  O GOLPE (Parte 1) O conhecido “golpe de Estado palaciano” é o tipo de golpe em que a tomada do poder se projecta e algumas vezes, di...