terça-feira, 20 de maio de 2025

 

Até já, PEDRO

Pedro Nuno Santos é, ainda, um dos políticos mais sérios, corajosos e preparados da sua geração. A sua retirada da liderança do Partido Socialista representa muito mais do que um acto pessoal — é a consequência de um momento grave da nossa democracia, marcado por ataques à integridade, pela ascensão da extrema-direita e pela interferência de um Presidente da República que, ao precipitar a crise política, abriu as portas à instabilidade.

Com provas dadas enquanto secretário de Estado, ministro e líder partidário, Pedro Nuno nunca deixou de defender o superior interesse de Portugal. Sempre com coragem, verticalidade e uma noção de serviço público que escasseia no actual panorama político.

Ao sair de Belém, após se reunir com o Presidente, Pedro Nuno manteve a postura de quem não se dobra. A sua atitude foi de uma dignidade ímpar. Sai, sim, mas de pé. Com coerência e decência. Perde o Partido Socialista, perde a democracia, e perdemos todos nós — os que acreditamos numa sociedade mais justa, plural e solidária.



Sério, honesto, comprometido com o bem comum. Alguém que, sem medo, enfrentou as forças retrógradas e carregou, injustamente, o peso da ascensão da extrema-direita — essa mesma que tem sido amparada por uma elite sem rosto, enraizada em esquemas obscuros, alguns já à vista de todos, como os tentáculos de uma maçonaria desvirtuada.

PNS (como tantos o tratam) é a segunda vítima de um golpe orquestrado por quem deveria representar a estabilidade e a imparcialidade do Estado. Um golpe discreto, quase elegante na sua perversidade, levado a cabo pelo actual Presidente da República, que precipitou uma crise política com um objectivo claro: devolver o poder à direita que todos conhecemos — aquela mesma que, não há muito tempo, deixou um rasto de destruição social e económica no país.

Pedro Nuno não é um político qualquer. É um líder vertical. De palavra. De princípios. Com provas dadas na governação: como secretário de Estado, como ministro, e mais recentemente como secretário-geral do Partido Socialista. A sua postura, ao sair hoje do Palácio de Belém após a reunião com o Presidente — o mesmo Presidente do golpe — é de uma dignidade incomparável. Um gesto de hombridade política e ética que ficará registado na história recente da nossa democracia.

PNS merece o nosso apreço. Mas, mais do que isso, merece o meu respeito mais profundo. Porque, ao contrário de muitos, ele nunca jogou com disfarces. Foi sempre claro, directo, transparente. E essa integridade, hoje, parece ser crime entre gente que prefere a intriga à decência.

Pedro Nuno não terminou a sua carreira política. Longe disso. Esta é apenas uma pausa. Uma aprendizagem dura, sim, mas necessária. Aprendeu que confiar pode ser um erro, quando se lida com personagens de má índole, movidas por interesses obscuros. Aprendeu que a ingenuidade tem um preço alto.

Mas também sabemos isto: Pedro Nuno Santos sempre defendeu o interesse coletivo. Sempre teve Portugal à frente das suas prioridades. Com coragem. Com competência. Com sentido de Estado.

Agora, afasta-se. No próximo sábado, fá-lo com o peso de quem foi ferido pela injustiça e pelas campanhas de difamação. Mas fá-lo com a cabeça erguida. Para desgosto de todos os que acreditamos numa sociedade plural, justa, solidária — num país sério e habitável para todos.

Mas não. Esta não é uma despedida. É apenas um até já.

Pedro Nuno voltará. Com mais força, com mais maturidade, com mais clareza. Porque o fascismo, por mais que espreite, não passará. E será ele, com outros e outras de igual valor, a lembrar ao país o que é governar com verdade, com projecto, com decência.

Mas esta não é uma despedida. É um até já. Pedro Nuno não terminou. Aprendeu, resistiu e amadureceu. Regressará mais forte, e com ele a esperança num Portugal melhor.

Portugal adormeceu. Cinquenta anos depois do 25 de Abril, voltamos a correr riscos que julgávamos enterrados. Mas que o sono seja breve. Que o pesadelo não dure muito. E que despertemos a tempo de impedir o regresso do obscurantismo, da censura, da desigualdade. A tempo de salvar o que ainda é justo e livre.

Perdemos um líder. Ganha a extrema-direita, ganha a manipulação

Até já, Pedro


António Ventura - Pedreira dos Húngaros 20 Maio 2025

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