quarta-feira, 14 de setembro de 2022

AINDA SOBRE O MANICÓNIO...

VAN DER LEYEN - O DISCURSO VAZIO DE PROPÓSITO E SUBSTÂNCIA

Merece-me respeito qualquer intervenção da Presidente da Comissão Europeia. Por ser mulher, como ser humano de valor, sensível e plena de vontade de fazer bem. No melhor espírito democrático, mas ...

Aguardando pela chegada da hora exacta para ouvir e ver a sua intervenção de hoje, perante o Parlamento de Strasbourg, atentando no conteúdo e desde muito cedo com fracas expectativas é bem certo, ao cabo dos primeiros trinta minutos, nada ou quase nada de relevo retirei do mesmo. No final, concluí igual. 

As cores predominantes do ambiente da sala da capital alsaciana, o azul e amarelo, o traje sempre elegante da Presidente, a condizer, pareceram-me pretender-se identificar desde logo, a chegada de novo membro ao Clube para não dizer, freguês à freguesia. 

Bem sabemos que a adesão de novos membros ao Clube é questão de muita paciência e cumprimento de obrigações que, no caso, nada parece apontar como reunidas ou passíveis de estarem reunidas nos próximos dez ou quinze anos, para o tal a quem se criam altas expectativas. Sem sequer pensarmos nas questões fundamentais do exercício pleno da democracia, liberdade de associação política e comunicação social, justiça igual, etc, Mas enfim...

É sobre o conteúdo que me importa aqui vir hoje comentar, neste meu espaço livre e independente.

O discurso de Van der Leyen foi, na sua maior parte, de "mimimis", de comoção e louvores ao povo ukraniano que, não sendo de ignorar, não corresponde à realidade com que vivem os europeus. De nota, a presença da primeira dama da Ukrênia, a senhora Olena Zelenska que mereceu a saudação e louvor em directo. Das razões, incongruências e incapacidade dos responsáveis da União, no tratamento antecipado na iminência da guerra em vista de a evitar, nada disse.

E nada disse porque nada fez. Nada fizeram a não ser a manifestação sumptuosa e ridícula de subserviência aos EEUU, pretensamente líderes hegemónicos do mundo onde espalham a sua democracia, única forma política, capaz de criar a felicidade global.

A Presidente da Comissão, ocupa quase uma hora do seu discurso, sem uma única vez assumir que, como é conhecido, a UE não teve capacidade política para evitar a guerra que se estende por toda a Ukrânia e que poderá próximamente alargar-se.

Nada disse sobre a dependência externa, não só de energias como também de tudo o que provém da despudoradamente consentida "fábrica do mundo".

Apenas culpa Putin e nisso até estamos de acordo porque invadiu e destrói militarmente um país soberano e independente, criando miséria, drama e desepero a todo um povo, a todo um continente. Uma guerra que a Presidente asseguar que a Ukrânia vai ganhar.

A senhora Van der Leyen, no seu discurso sobre o estado da UE, confessa a sua determinação em endividar a Europa para resolver os problemas energéticos que o próximo inverno vai evidenciar - afinal Putin tinha razão.

E esse incómodo já o havia anunciado Putin, e a Gazprom no início das sanções que lhe foram impostas. Quase como uma provocação - " o Inverno será longo".

Os europeus, não tarde mas já, começam a manifestar o seu incómodo com o sofrimento que lhes é imposto pelas más políticas dos seus dirigentes que apenas têm servido para consentir a subserviência à sempre presente tentativa hegemónica dos Estados Unidos e da NATO que todos sustentamos, enquanto "organização militar defensiva" (permitimo-nos excluir aqui, o momento dos seus bombardeamentos de há 23 anos, sem o consentmento sequer do Conselho de Segurança). 

E Macron, quase outro Órban, - " Estamos vivendo o fim da era da abundância"... E agora na proclamada negação à construção do gasoduto transPirinéus. Uns a seguir aos outros, vêm os dirigentes europeus manifestando as mais ridículas posições, as mais inverossímeis atitudes e declarações que fariam tornar à cova os fundadores, pela vergonha.

Há muito que a UE não evidencia capacidade de se bastar políticamente. Há muito que no Velho Continente não sobressai um Estadista, com tino, com capacidade, com vislumbre, acção estratégica e determinante da política comum.

Mas tudo isto, será resolvido pelos altos dirigentes da UE que, com a grandeza e inteligência política que os caracteriza, mau grado os frios e difíceis tempos que se seguirão.

Justificando o título acima, sempre recordarei a cena que há anos me contaram, passada na Av. Brasil - No portão de baixo do Hospital Júlio de Matos, estava um internado que avisava um transeunte que no portão seguinte, um pouco mais acima iria encontrar um "maluco" que lhe pedia para se aproximar. Alertava-o para não se chegar a ele porque o iria esbofetear. Agradecido o passante continuou sem se dar conta de que pelo interior o mesmo havia corrido e estava no portão seguinte. Achou estranho e questiomou-se sobre o que quereria de novo. Aproximou-se e foi esbofeteado e com a manifestação do paciente psiquiátrico - "eu não o avisei ?" 

Entretanto, "slava Ukraina"

AV 14 Agosto 2022







 


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