sexta-feira, 13 de maio de 2011

Carta a José ( II )

Caro José,
Hoje, cá estou eu de novo. Como prometi. Não sei se compreenderás, mas eu uso muito aqueles termos antigos, e normalmente até procuro acreditar que fazem todo o sentido. Como tal, “o prometido é devido”, e por isso cá estou a dar-te a maçada de me leres. Será que entendes???...
Tu, que tanto me tens prometido… ganda maroto, (desculpa o adjectivo, mas não é por mal…é uma brincadeirinha fofa em te tratar assim…) e sempre te esqueces de cumprir, ahahahaahah !!! José, tu és mesmo terrível,…maroto, quer dizer, malicioso, lascivo, finório, tratante…espertalhão.
Sabes que às vezes, para me esquecer de ti por alguns momentos, vou até à Bahia e lá, na época da Independência, “maroto” , era o que chamavam aos Portugueses. Tens portanto, sangue lusitano, disso não tenho a menor dúvida. Não será sangue do “melhor”, mas corre na mesma. Que Diabo, também não podes ter todas as qualidades, não é???
Desculpa lá a seca que te dou. Sabes que sendo tu um “europeísta convicto”, cioso dos propósitos e desígnios desta tão solidária U.E., sendo tu fluente nessas línguas todas, para te entenderes tão bem, com os teus parceiros, tenho a certeza que já ouviste alguns termos parecidos com o “maroto”. Puxa pela cabeça e diz-me, em Bona ou em Bruxelas, onde tratas o pessoal “tu cá…tu lá”, nunca ouviste, “salaud” , ou “vilain” ; “schunft”, ou “schelmisch”, ou  “pillo” ou “mascalzone”…? Pois é, podem ser “brincadeirinhas” também dos teus amigos, Sarko, ou Berlusquy ou mesmo da tua amiga Ângela. Mas, olha…não te rales, quer tudo dizer o mesmo. Ès tu mesmo e tenho a certeza que não ligas a isso, “naughty boy…sacré José !!!
Sabes que fiquei muito apreensivo com aquele tipo do Financial Times. Um descarado é o que ele é. Parece mentira o que saiu daquela conspurcada pena, para dar aquele artigozito, ofensivo claro está. À tua honra e dignidade, revelador de grande ignorância de um despudorado que não conhece, nem entenderia tudo o que tens feito por nós todos, nos últimos 15 anos e que muito nos tem sensibilizado.
Olha José, acho que já não se pode confiar em ninguém!!!
Segue o meu conselho, desculpa o mau jeito ou incómodo que isso te possa causar, sei que te vou magoar, mas sentimentos…são sentimentos e, mais uma vez à antiga, lá diz o ditado, “quem não se sente, não é filho de boa gente”.
E eu… dos meus ascendentes só tenho saudade, memória e respeito. Eram boa gente !!!
Talvez só por influência daquele desbocado do Wolfgang Munchau, do FT, acho que já não confio em ti.
Abraços e até amanhã
Teu, António Ventura
12 de Maio de 20111

PS: Não tem nada a ver com o PS, foi só para dizer que esta carta, é escrita em memória de meu saudoso Pai.

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