sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Oficiais querem refletir sobre a revolução

Os portugueses, e não só os militares, têm direito constitucional à resistência, diz em jeito de alerta a Associação de Oficiais das Forças Armadas.
Revolução foi a palavra que mais se ouviu esta tarde na conferência de imprensa promovida pela Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), para dizer que os militares estão fartos da política de austeridade imposta pelo Governo.
"Não vamos fazer nenhuma revolução. As revoluções não se anunciam, fazem-se", disse aos jornalistas o presidente da associação, coronel Pereira Cracel.
"Portugal está a ser governado por um conjunto de pessoas que parece não perceber para onde nos estão a levar. Esta gente está a fazer pouco de todos nós", acrescentou o líder da AOFA, atualmente na situação de reserva.
Logo a seguir, o coronel Jara Franco, vogal da direção, fez questão de lembrar que, de acordo com o artigo 21 da Constituição, os portugueses, e não só os militares, têm direito à resistência. "Os portugueses estão a ser cozidos dentro de uma panela. E se para nos libertarmos tivermos de queimar o cozinheiro, o problema é dele!", afirma este militar recorrendo a uma linguagem metafórica.
"Não podemos passar o resto da vida a condenar metade da população, sobretudo os idosos, a comer cerelac. Nós jurámos defender a pátria e os portugueses", acrescentou o militar que está na reserva.
Jara Franco disse ainda que há majores e coronéis que residem na zona de Lisboa e trabalham na base do Montijo, que não vêm a casa durante a semana "para não pagarem a gasolina e as portagens e porque têm a alimentação e o banho oferecidos".
Mais à frente, o almirante Castanho Paes, presidente da mesa da assembleia geral da AOFA, garantiu que "a legião de descontentes contra o estado a que chegámos (a conhecida expressão do capitão de Abril, Salgueiro Maia, por diversas vezes citada na conferência de imprensa), está a crescer".
"Está certo que a viúva de um militar tenha de deixar a casa onde sempre viveu por não poder pagar a renda?", questionou o almirante já reformado, visivelmente emocionado e indignado. "A grande revolução seria a força da razão prevalecer sobre a razão da força", defendeu.
No encontro com os jornalistas foi anunciada a marcação de uma reunião de oficiais para o próximo dia 22 de fevereiro, em local e hora ainda a designar, onde "farão uma reflexão coletiva" sobre o que poderão os militares fazer para alterar o rumo do país.
Expresso 
Carlos Abreu
 

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