(Parte 1)
O conhecido “golpe de Estado
palaciano” é o tipo de golpe em que a tomada do poder se projecta e algumas
vezes, directamente se promove dentro do palácio presidencial.
Este tipo de golpe é frequentemente
caracterizado através de acções políticas manobradas nos círculos políticos,
quase sempre com a envolvência de membros das elites políticas, militares,
judiciárias ou nas mais diversas estruturas da burocracia ou administração do
Estado.
Os “golpes” incluem nomeadamente,
conspirações internas no seio da classe política e da sociedade e, algumas
vezes, nas altas esferas e patentes militares.
Em qualquer dos casos, o uso
de estratégias políticas, alianças ou acordos temporários, visam minar o apoio
ao Governo em funções. Casos há em que, mesmo Governos com maiorias parlamentares,
portanto com garantias de estabilidade governativa, são corroídos e invadidos
ocultamente pelo poder do controle dos media que, pela facilidade[AV1] de
acesso e influência do pensamento colectivo e à sua manipulação, conseguem
controlar a narrativa e evitar a resistência e a oposição popular.
No final do golpe, ainda que
aparentemente se hajam cumprido as normas democráticas, o novo Governo ou a
nova liderança política, assume o controle do país, tomando o poder – no palácio
presidencial – que pode ser titulado por uma figura ou por uma coligação
política.
O golpe consumado, tem então o
sucesso que se pretendeu e desenhou no seio do “palácio”, patrocinado pela mais
alta figura do Estado que lhe confere a credibilidade democrática.
Mas os “golpes de estado
palacianos” podem ocorrer em diferentes contextos políticos e levados a cabo
por diversas e variadas razões, mas na maior parte dos casos, por ambição
política inconseguida de forma legítima
e pelo voto dos eleitores em sufrágio universal.
Por ser “palaciano” ficamos
então com a certeza que o mesmo é gizado e levado a cabo pelo inquilino do
palácio, com os apoios mais diversos, sempre e constantemente com a lavagem
cerebral dos cidadãos através dos órgãos de comunicação. Com o objectivo inconsequente
de colocar no poder o movimento ou personagem político da sua preferência. E
tudo, “democraticamente”.
São nefastos e condenáveis os “golpes
de estado palacianos”, pois que, a democracia é o sistema político em que o
poder é exercido pelo povo, comumente através das eleições livres e justas. Tal
acontece quando certos personagens, procuram tomar o controle do governo, para
implementar as políticas que não foram nem serão sufragadas, à revelia do
sistema democrático instituído.
Mas tudo parece, muito
legítimo, não o sendo de facto.
O populismo autoritário de
certos líderes que podem utilizar estratégias populistas para minar
gradualmente a democracia, minam simultaneamente a confiança nas instituições e
a classe política na generalidade, deslegitimando tudo o que se lhes apresentar
como oposição política. Manobram com agilidade e muito engenho a mente e
desagrado dos cidadãos, oferecendo-lhes tudo o que sabem desejar. Oferecem-lhes
o céu e a terra, a fortuna e o welfare definitivo, o fim da corrupção
(aquela em que eles próprios serão experts) e a satisfação plena e imediata
de todos os seus desejos mais elementares. Acusando a democracia – a mesma que
lhes permite a existência e os suporta – de todos os males do mundo.
Em vez de um golpe abrupto e
até mesmo, possivelmente violento, muitas vezes envolvem uma erosão gradual das
instituições democráticas, através de massivos comentários de “jornalistas"
pouco éticos e de favores seguramente recebidos.
O “GOLPE” pode ainda ser promovido
com o conluio entre alguns elementos da classe política, em profunda e inegociável
ambição do exercício do poder e, os órgãos judiciais que são utilizados como
ferramentas para perseguir adversários políticos. ainda que os mesmos hajam
obtido o poder democráticamente.
Normalmente neste tipo de “golpe”,
o judiciário envolve-se na produção de acusações, processos judiciais ou
condenações, apenas com motivações políticas em vez de legais.
António V. 9 Março 2024
(O “O GOLPE” parte 2, proximamente)
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