sábado, 9 de março de 2024

 

O GOLPE

(Parte 1)

O conhecido “golpe de Estado palaciano” é o tipo de golpe em que a tomada do poder se projecta e algumas vezes, directamente se promove dentro do palácio presidencial.

Este tipo de golpe é frequentemente caracterizado através de acções políticas manobradas nos círculos políticos, quase sempre com a envolvência de membros das elites políticas, militares, judiciárias ou nas mais diversas estruturas da burocracia ou administração do Estado.

Os “golpes” incluem nomeadamente, conspirações internas no seio da classe política e da sociedade e, algumas vezes, nas altas esferas e  patentes militares.

Em qualquer dos casos, o uso de estratégias políticas, alianças ou acordos temporários, visam minar o apoio ao Governo em funções. Casos há em que, mesmo Governos com maiorias parlamentares, portanto com garantias de estabilidade governativa, são corroídos e invadidos ocultamente pelo poder do controle dos media que, pela facilidade[AV1]  de acesso e influência do pensamento colectivo e à sua manipulação, conseguem controlar a narrativa e evitar a resistência e a oposição popular.

No final do golpe, ainda que aparentemente se hajam cumprido as normas democráticas, o novo Governo ou a nova liderança política, assume o controle do país, tomando o poder – no palácio presidencial – que pode ser titulado por uma figura ou por uma coligação política.

O golpe consumado, tem então o sucesso que se pretendeu e desenhou no seio do “palácio”, patrocinado pela mais alta figura do Estado que lhe confere a credibilidade democrática.

Mas os “golpes de estado palacianos” podem ocorrer em diferentes contextos políticos e levados a cabo por diversas e variadas razões, mas na maior parte dos casos, por ambição política inconseguida de  forma legítima e pelo voto dos eleitores em sufrágio universal.

Por ser “palaciano” ficamos então com a certeza que o mesmo é gizado e levado a cabo pelo inquilino do palácio, com os apoios mais diversos, sempre e constantemente com a lavagem cerebral dos cidadãos através dos órgãos de comunicação. Com o objectivo inconsequente de colocar no poder o movimento ou personagem político da sua preferência. E tudo, “democraticamente”.

São nefastos e condenáveis os “golpes de estado palacianos”, pois que, a democracia é o sistema político em que o poder é exercido pelo povo, comumente através das eleições livres e justas. Tal acontece quando certos personagens, procuram tomar o controle do governo, para implementar as políticas que não foram nem serão sufragadas, à revelia do sistema democrático instituído.

Mas tudo parece, muito legítimo, não o sendo de facto.

O populismo autoritário de certos líderes que podem utilizar estratégias populistas para minar gradualmente a democracia, minam simultaneamente a confiança nas instituições e a classe política na generalidade, deslegitimando tudo o que se lhes apresentar como oposição política. Manobram com agilidade e muito engenho a mente e desagrado dos cidadãos, oferecendo-lhes tudo o que sabem desejar. Oferecem-lhes o céu e a terra, a fortuna e o welfare definitivo, o fim da corrupção (aquela em que eles próprios serão experts) e a satisfação plena e imediata de todos os seus desejos mais elementares. Acusando a democracia – a mesma que lhes permite a existência e os suporta – de todos os males do mundo.

Em vez de um golpe abrupto e até mesmo, possivelmente violento, muitas vezes envolvem uma erosão gradual das instituições democráticas, através de massivos comentários de “jornalistas" pouco éticos e de favores seguramente recebidos. 

O “GOLPE” pode ainda ser promovido com o conluio entre alguns elementos da classe política, em profunda e inegociável ambição do exercício do poder e, os órgãos judiciais que são utilizados como ferramentas para perseguir adversários políticos. ainda que os mesmos hajam obtido o poder democráticamente.

Normalmente neste tipo de “golpe”, o judiciário envolve-se na produção de acusações, processos judiciais ou condenações, apenas com motivações políticas em vez de legais.

António V. 9 Março 2024

(O “O GOLPE” parte 2, proximamente)


 

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