domingo, 17 de julho de 2022

 

PARABÉNS PÁ !!!









Há pouco, pareceu-me ouvir um carro a chegar aqui a casa. Desatento, imaginei-te a sair e a chamares-me - "Toninho... Toninho....

Pura ilusão ou saudade. E depois desatei num corropio de lembranças das tuas chegadas, de sorriso às vezes, outras, sizudo de algumas apoquentações.

Merda, merda e merda!!! Não eras tu, como poderia ser (?).

Farias hoje, ou fazes na minha alma e muita saudade, os 83 anos. Que merda João!!! Tantos anos.

Depois de afastada a tristeza que vai corroendo os dias, lembrei-me que não quererias que este estado de alma se mantivesse. Afinal, para quê? Estás e estarás sempre aqui, na lembrança, na recordação, na lusitana saudade. E há quem não acredite, pasme-se, de tamanha ignorância e estupidez de tantos. É que não entendem mesmo caro João.

Não percebem que és único. Não entendem que para mim só há um. Que és o irmão e para o teu sobrinho, meu filho, és e serás o único tio. O tio João.

Não entendem ou fingem não compreender. Talvez por inveja de não terem tido um irmão como tive e tenho. Talvez porque nas suas mentes perversas e desprezíveis, a fraternidade, não lhes diga nada. A razão do amor fraterno, como pintou Bouguereau na sua tela. 

Mas enfim... há que enfrentar os humanos. Mesmo os que desconhecem os afectos recíprocos, que ignoram a gratidão, o sentimento que alimenta e nutre a amizade, a simpatia e a fidalguia entre os que se respeitam e se gostam. A nobreza do sentir.

E tu, foste um nobre. E um lutador jamais vencido, um vencedor afinal. Só perdeste uma vez, na luta contra a inversão da nossa inexorável finitude.

Mas hoje é dia de "parabéns". Mesmo onde estás, sentes eu sei que sentes o meu abraço e festa. Regozijo e felicidade (triste) de te haver tido como o meu irmão.

Só desperdiçámos os tempos que a vida nos teve separados.

Ontem falei de ti e rimos muito com as lembranças. Amanhã, depois e depois farei o mesmo com tantos outros. Não te direi com quem foi porque seria enfadonho, tantos são os dias e os companheiros que te recordam. 

Mas hoje prefiro o retiro. Só assim posso passar este dia do teu aniversário com a paz que tanto preciso, em reflexão, curtindo a saudade, revendo fotos, repassando pela mente os momentos e as nossas histórias. 

Também me lembro do Pai.

Mas por agora não te escrevo mais. Falarei contigo em silêncio, em pensamento... com muita saudade.

PARABÉNS JOÃO !!!

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