Seja em que época for, um elemento tem sido comum na ética comunicacional, o "não dirás falso testemunho contra o teu próximo". O princípio da veracidade é algo que sempre se tentou assegurar em qualquer comunicação, como garante do princípio da informação e maneira de assegurar a confiança entre o comunicador e o seu público.
Escreveu assim, Rui Assis Ferreira na sua "Comunicação e Sociedade, 2007 ".

Falamos então da ética, da ética profissional cometida aos agentes de informação, para solidificar o crédito dos cidadãos na sua actividade de informar com isenção, sem respeito pelos "soberanos" ( leia-se patronato e os seus interesses obscuros), sempre pugnando pela verdade. Assentando a informação em dados e elementos credíveis, em investigações jornalísticas imparciais, confirmadas, seguras, sérias, pois que, da relação entre o político - seja ele poder ou não - e o cidadão, individualista, é este o principal elemento capaz de debater tudo o que se relaciona com a "coisa comum", porque só a si interessa. Sobrepondo-se então o direito dos governados à verdade da informação, contrariando o direito dos governantes à produção sistémica da intoxicação pela mentira.
É hoje comum, escutarmos vozes desagradadas com a comunicação social na sua generalidade.

Perguntaremos se há razão para tal e, não será que são as vozes "do contra" na contestação ao que vemos, ouvimos e lemos, estará radicalizada. Mas, afinal radicalizados seremos todos, cada vez que nos confrontamos com a mentira deliberada, a falsa notícia de má-fé encomendada, o comentário regular ou insólito que nos entra dentro.
Há tempo que vimos suportando os devaneios intencionais, insidiosos, da quase generalidade do que pomposamente chamamos de media. São os media que escreveram, são os media que mostraram, foram os media que descobriram, serão os media a descobrir, os media a comentar, a relatar, exibir... seguramente tudo, tudo mesmo com a verdade que a deontologia lhes impõe. Mas não...
O que assegurámos durante mais de um século, como o Quarto Poder, que como disse I. Ramonet , seria " a voz, dos sem-voz", não perdurou nem uma década sequer, tendo sido ràpidamente conquistada e controlada pelos grupos económicos, pelas organizações políticas, pasme-se, das democracias consolidadas do pós revolução francesa.
Mas se enquanto nestas, como espaços do individualismo kantiano e das liberdades, foram capturadas, noutros espaços houve, por ausência das liberdades de acção, pensamento e manifestação, que o controle dos "soberanos" se eterniza na mentira, mentalização e envenenamento dos cidadãos através dos media.
Na actual conjuntura política Portuguesa, de cuja estabilidade e duração "os do Restelo ", teimosamente insistem em duvidar, não houve e ainda bem, qualquer tentativa de controle dos media, por parte dos decisores da presente solução governativa. Ninguém, com seriedade poderá duvidar disso.


Mas séria, dialogante, com propósitos firmes, idéias construtivas - afastando-se de uma vez por todas do neo-liberalismo reaccionário, da estupidez Schaubleana, do servilismo ao Norte europeu, das kafkianas e permanentes intenções de punir, os mais pobres e os mais médios... querendo no fim de contas que, um qualquer síndroma de Estocolmo nos atinja e passemos a adorar quem nos faz mal. Ou, caso não o façamos nas urnas (como se viu o contrário), possamos pelo menos, ir acreditando nas patranhices teledifundidas.
Assim não vamos lá...
António Ventura /15Out17
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